Dando continuidade à Parte I deste artigo, "A Importância da China como potência aquícola e a viabilização de Cursos Internacionais in loco" onde introduzimos informações relevantes sobre a cadeia produtiva do pescado na China, neste artigo vamos detalhar como foi a experiência com o curso "Formação Técnica em Maricultura e Processamento e Logística de Produtos Aquáticos para Países Latino-Americanos e do Caribe". 2x1k70
O curso ocorreu de 11 a 24 de outubro de 2023 em Xiamen, Fujian, e contou com oito profissionais do Estado do Rio de Janeiro, a convite da Associação dos Estudantes de Seminários da China (AESC) e o Consulado Chinês do Estado do Rio de Janeiro.
No período, o curso incluiu aulas teóricas no Instituto de Oceanografia de Fujian (FJIO) e visitas técnicas em Dongshan, condado de Zhangzhou, na província de Fujian, e no presente artigo serão comentados pontos de maior relevância observados.
Durante o curso, foram apresentadas as principais tecnologias chinesas para garantia da qualidade e segurança das proteínas aquáticas, prolongando sua validade e permitindo a obtenção de coprodutos comestíveis e não comestíveis. Dentre esses, muitos processos, como o processamento de pescado fresco, congelado, salgado e defumado, associados ao uso de embalagens adequadas, já são comuns no Brasil, enquanto o principal modo de comercialização na China é uma novidade para o mercado brasileiro: a venda dos animais vivos diretamente para o consumidor.
Na China, os animais aquáticos são transportados vivos para os pontos de venda, acondicionados em aquários com recirculação e alta oxigenação da água, e expostos vivos para a escolha do consumidor. No Brasil, essa prática não é permitida devido às leis sanitárias, como o Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitário de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), que exigem que o pescado seja industrializado e inspecionado antes de ser vendido como produto (BRASIL, 2017).
A China está implementando políticas para expandir seu mercado consumidor, com foco na ampliação gradual do mercado interno. Historicamente, a indústria de processamento de produtos aquáticos teve seu crescimento impulsionado pela exportação. Porém, desde 2008, fatores como o aumento dos preços das matérias-primas, custos de produção mais altos e a diminuição da demanda nos principais mercados de exportação, juntamente com o crescimento populacional interno, mudaram essa dinâmica. Como resultado, as exportações de produtos aquáticos da China têm experimentado um crescimento mais lento ou até diminuição em volume ou precificação nos últimos anos, apesar de ser o maior exportador mundial (FAO, 2024; FAO, 2022).
A China lidera o consumo per capita de pescado, sendo a maior parte proveniente da aquicultura, e essa tendência continua crescendo. Em 2019, o consumo global de pescado foi de 158 milhões de toneladas, cinco vezes maior que há 60 anos, com um crescimento médio de 3% ao ano. A Ásia, com 60% da população mundial, respondeu por 72% do consumo global, sendo que a China contribuiu com 36% desse total (FAO, 2024; FAO, 2022).
O estreitamento de laços internacionais com a maior potência aquícola mundial é fundamental para o desenvolvimento socioeconômico brasileiro.
André Luiz Medeiros de Souza¹*, Guilherme Búrigo Zanette², Lígia Coletti Bernadochi², Cristiane Rampinelli Zanella³, Genaro Barbosa Cordeiro², Khauê Silva Vieira⁴, Rafael Ávila Cardoso⁵ e Marco Antônio De Luca⁶
1 Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços – SEDEICS/RJ; 2 Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro - FIPERJ; 3 Autônoma; 4 Universidade Federal Fluminense - UFF; 5 Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro - SindRio; 6 Empresa Tilápias Mangaratiba
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