O workshop “Aquicultura sustentável - impactos ambientais e segurança alimentar” ocorreu no Leibniz Institute of Freshwater Ecology and Inland Fisheries (Instituto de Ecologia de Águas Doces e Pesca Continental Leibniz) em Berlin, Alemanha, na forma de uma parceria entre Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Academia Nacional de Ciências da Alemanha Leopoldina. Neste evento, foram reunidos pesquisadores brasileiros e alemães para discutir a gestão sustentável dos recursos hídricos e o futuro da aquicultura nos dois países. Hoje na coluna Gestão de Resíduos, venho trazer detalhes sobre esse evento importante e o que podemos esperar nos próximos meses. 2uo1n

Muitos assuntos foram debatidos ao longo do evento, incluindo os benefícios e desafios de diferentes sistemas de produção, especialmente de peixes de água doce (viveiros, tanques, raceways e aquaponia), o uso de rações mais ou menos sustentáveis e como avançar na circularidade nesse sentido, além é claro da grande necessidade de se operar sistemas de produção aquícola acoplado à gestão de resíduos sólidos e de águas residuais. Além disso, foram discutidos temas de grande relevância, como a necessidade de ampliar atividades de educação sobre a aquicultura e sobre como estimular a criação de políticas públicas efetivas para aumentar o consumo de peixes nos dois países, que ainda é baixo, a depender da região geográfica. Todos esses assuntos foram debatidos considerando a realidade local de cada um dos países, com objetivo de tentar encontrar questões em comum que poderiam ser delineadas em benefício a ambas as localidades.
Após o evento, os pesquisadores se reuniram diversas vezes para dar continuidade às discussões sobre os temas, com o objetivo de elaborar um policy paper ou documento de orientador de políticas, para apresentar para diferentes atores atuantes na política nos dois países. Esse documento está sendo escrito com linguagem simples e ível e será publicado em o aberto para todos. O conteúdo desse documento está sendo dividido em quatro grandes temas: a contribuição da aquicultura para um sistema sustentável de segurança alimentar; ciência e inovação como meios para a busca de mais sustentabilidade na aquicultura por meio da circularidade; educação para produtores e consumidores; e discussões sobre como criar vontade política voltada para mudanças efetivas na produção aquícola.

A gestão de resíduos foi um dos grandes focos do evento. Muito foi discutido sobre a possibilidade de se adotar a compostagem como método para o tratamento de resíduos sólidos gerados nas produções, ou mesmo a adoção de outras tecnologias como a digestão anaeróbia ou o uso de larvas de insetos, na forma de sistemas decentralizados. O tratamento de águas residuais também foi colocado como um dos principais pontos da gestão de resíduos, especialmente em sistemas com maior uso e renovação de água. Foram identificados desafios como a falta de incentivo público para adotar essas metodologias, a falta de perspectiva de continuidade no uso das tecnologias em si, além de outras questões. Esse e outros assuntos estão sendo discutidos no policy paper que estará disponível dentro das próximas semanas para todos e certamente iremos divulgar esse importante documento aqui na Coluna Gestão de Resíduos. Para saber mais informações sobre esse importante evento, visite o site da ABC no link: https://www.abc.org.br/2023/10/27/aquicultura-sustentavel-impactos-ambientais-e-seguranca-alimentar/