Desde 2023, o Grupo de Pesquisa Translacional e Experimental de Cães e Gatos (GPeTECG) e o Grupo de Estudos de Cirurgia de Pequenos Animais (GECIP) — ambos vinculados ao CNPq e sediados na Universidade Federal de Rondônia (UNIR), campus de Rolim de Moura — vêm conduzindo uma pesquisa inovadora sobre o uso terapêutico da pele de tambaqui. Sob a coordenação do professor Ivan Felismino Charas dos Santos, docente nas áreas de Cirurgia de Pequenos Animais e Técnica Cirúrgica Veterinária, o estudo busca alternativas para o tratamento de feridas extensas e de difícil cicatrização, além de desenvolver métodos íveis e de baixo custo para a esterilização e conservação das peles. 44703d
Embora o Brasil já conte com pesquisas consolidadas sobre o uso da pele de tilápia na cicatrização de feridas, essas técnicas geralmente envolvem métodos de esterilização e armazenamento de alto custo. A pesquisa desenvolvida na UNIR, entretanto, propõe alternativas mais íveis, alinhadas à realidade da Região Norte, utilizando a pele de um peixe nativo da Amazônia: o tambaqui.
Na fase inicial do estudo, foram avaliadas as propriedades mecânicas e histológicas da pele de tambaqui, tanto antes quanto após os processos de esterilização e armazenamento. Os resultados dessas análises foram publicados na revista científica Acta Amazônica.
Atualmente, a pesquisa está na segunda fase, dedicada à aplicação da pele de tambaqui em ensaios clínicos com animais de estimação. Os resultados preliminares indicam o desenvolvimento de uma nova metodologia de esterilização e armazenamento, caracterizada por baixo custo e alta eficiência, além de demonstrarem avanços significativos na cicatrização de feridas extensas e complexas. Paralelamente, o grupo desenvolveu uma pomada formulada com colágeno extraído da pele de tambaqui, que também vem sendo testada em cães, apresentando excelentes resultados, especialmente na fase final do processo de cicatrização.
A pele do tambaqui se destaca por suas características histológicas, como a maior espessura das fibras colágenas e superior resistência à tração em comparação com outras biomembranas, tornando-se uma alternativa promissora no tratamento de feridas.
A cicatrização de feridas é uma das principais linhas de pesquisa do Prof. Ivan Santos. O uso de biomembranas, segundo ele, reduz significativamente a necessidade de produtos químicos como pomadas cicatrizantes e analgésicos, minimizando seus efeitos colaterais nos animais e diminuindo o descarte de embalagens no meio ambiente. Além disso, a utilização da pele do tambaqui, um subproduto geralmente descartado por frigoríficos, contribui para a preservação ambiental, promovendo o aproveitamento sustentável de recursos naturais.
A pesquisa é estratégica para a Região Norte, destacando Rondônia, a Amazônia e a UNIR no cenário nacional de inovação científica, além de trazer benefícios diretos para a sociedade. O objetivo final do estudo é estender o uso da pele do tambaqui para a Medicina Veterinária e, futuramente, para tratamentos em seres humanos. Já foram realizados três ensaios clínicos em cães com feridas de difícil cicatrização, todos com resultados altamente positivos.
O Prof. Ivan Felismino Charas dos Santos possui mestrado, doutorado e pós doutorado em Cirurgia de Pequenos Animais pela FMVZ, UNESP – Botucatu (SP). Ele orienta alunos de mestrado e doutorado nos programas de pós-graduação em Biotecnologia Animal (UNESP, Botucatu) e em Agroecossistemas Amazônicos (PPGAA) da UNIR. A pesquisa clínica é conduzida no centro cirúrgico do Laboratório de Ensino e Pesquisa de Técnica Cirúrgica e Cirurgia de Pequenos Animais (LEPTECIPA), localizado na Fazenda Experimental da UNIR, campus de Rolim de Moura.
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